sábado, 26 de março de 2011

Os dias e a sombra da noite...



Alguns dias depois de ter tomado posse da suntuosa mansão, Danilo Souza, ao voltar para casa, viu de longe um homem que, com uma caixa nos ombros, saía por uma portinha secundária do muro e colocava a caixa num caminhão.

Não conseguiu alcançá-lo. Então tomou o carro para segui-lo. E o caminhão rodou por muito tempo até a extrema periferia da cidade, parando à beira de um profundo vale.

Danilo desceu do carro e foi ver o que estava acontecendo. O desconhecido tirou uma caixa do caminhão e, após ter dado alguns passos, atirou-a no barranco que estava cheio de milhares e milhares de caixas iguais.

Aproximou-se do homem e disse:
-- Vi que você tirou aquela caixa do meu jardim. O que tinha lá dentro? E o que significam todas estas caixas?

O homem olhou-o e sorriu:
-- Ainda tenho mais no caminhão, para jogar fora. Não sabe? São os dias.
-- Que dias?
-- Os seus dias.
-- Os meus dias?
-- Os seus dias perdidos. Os dias que você perdeu. Você esperava por eles, não esperava? Eles vieram. E o que você fez com eles? Olhe, eles estão intatos, ainda cheios. E agora...

Danilo olhou. Formavam um monte imenso. Desceu pela escarpa e abriu um.

Havia lá dentro uma estrada de outono e, longe, Joana, sua noiva, que ia embora para sempre. E ele nem a chamava.

Abriu uma segunda caixa. Havia um quarto de hospital e, na cama, seu irmão Lucas, que estava muito mal e o esperava. Mas ele estava viajando a negócios.

Abriu uma terceira caixa. No portãozinho da casa velha e pobre, via Duke, o fiel mastim, que o esperava havia dois anos, reduzido a pele e osso. E ele nem pensava em voltar.

Sentiu alguma coisa aqui, na boca do estômago. O carregador mantinha-se ereto à beira do vale profundo, imóvel como um justiceiro.

-- Senhor! – gritou Danilo. – Ouça-me. Deixe-me ficar com pelo menos este três dias. Suplico-lhe. Pelo menos estes três. Sou rico. Dou tudo o que quiser.

O carregador fez um gesto com a mão direita, como se indicasse um ponto inatingível, como se quisesse dizer que era tarde demais e que nenhum remédio seria possível. Depois esvaiu-se no ar e, nesse momento, desapareceu também o gigantesco monte de caixas misteriosas. E caía a sombra da noite.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O espelho limpo

As pessoas nos decepcionam. Mas na verdade é porque estão "cegas" pelos espelhos que ás acostumam á rotinas enganadoras... Fazer o quê senão enxergam sequer o próprio umbigo...
Aqueles que se esquecem de guardar puro o espelho do seu coração, que se apegam às imagens e aos reflexos que nele passam, não verão a pura luz, mas a pureza do coração jamais será conquistada "de uma vez por todas". Cada manhã, trata-se de lavar o espelho de tudo que nele ficou impresso.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Uma análise do estar "apaixonado"


Como os amigos "conscientes" podem notar, já comentei em vários "posts" sobre o Amor em suas várias facetas. Mas e quanto a "paixão"? Esse sentimento único que mesmo tempo que cura, machuca! Como defini-lo? Segue um conclusão dele da forma mais "consciente" possível de "experiência" própria...há varias formas de paixão...
Com a maior parte das pessoas, os mais ligeiros ou mais superficiais desses contatos bastam a nosso desejo, ou até o excedem. Que esses mesmos contatos insistam e se multipliquem em torno de uma criatura única até bloqueá-la toda inteira; que cada detalhe de um corpo apresente para nós tantas significações perturbadoras como os traços de um rosto; que um único ser, em vez de inspirar-nos quando muito irritação, prazer ou aborrecimento, nos obsidie como uma melodia ou nos atormente como um problema; que esse ser passe da periferia do nosso universo ao seu centro, que se torne mais indispensável do que nós próprios, e estará realizado o admirável prodígio: assistiremos então à invasão da carne pelo espírito, e não mais um passatempo do corpo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Zeitgeist - espírito de época

Segue abaixo o vídeo ZeitgeistIII(parte-1 para ver as continuações basta clicar no link ao final de cada vídeo), que faz parte de uma série de vídeos que mostram a "Realidade" por detrás da "realidade" que achamos ser a verdadeira. Existe um movimento consciente percorrendo todo o mundo. No Brasil você pode saber mais visitando o site http://movimentozeitgeist.com.br onde obterá mais informações...
Veja o vídeo com os olhos de um "observador consciente" e sua mente irá se expandir tenha certeza!

De algum lugar...
O observador.

domingo, 6 de março de 2011

As necessidades dos outros como as nossas próprias.



"Se não tendes a força
de trocar vossa alegria
pelo sofrimento dos outros,
não tendes nenhuma esperança
de alcançar o estado do Buda,
nem mesmo a felicidade durante esta vida."

Estas magníficas palavras, exprimem nosso ideal que é o de considerar as necessidades dos outros como as nossas próprias. Colocar esse ideal em ação pode resolver não somente os problemas de nossa vida cotidiana, mas podemos igualmente, por essa prática, encontrar paz de espírito e mesmo a iluminação. Nossa experiência cotidiana nos mostra que uma atitude centrada em si mesmo, quando se trata de resolver um problema, só faz complicá-lo. O egoísmo não resolve nenhum problema, ele os multiplica. É somente quando procuramos a felicidade para os outros que a encontramos para nós mesmos. Compaixão e felicidade são a mesma coisa.

Se julgarmos os outros, isso cria em nós emoções negativas como a cólera, o ódio, a inveja, e isso entrava nossa saúde física e psíquica. A agitação mental causada por nossos julgamentos pode mesmo nos fazer perder o sono e nos fazer viver, sem cessar, sob tensão. Respeitar os outros como eles são é o que existe de mais salutar para nosso corpo e para nosso espírito. É a própria essência do Mahayana: “Considero todos os seres vivos mais preciosos que as mais preciosas pérolas. Possa eu por todo o tempo cuidar deles, e isso me levará ao objetivo.”