Uma folha em branco é algo vazio e sem importância.
Pego a folha e escrevo um relatório governamental.
Ela ganha um novo significado, sendo no entanto a mesma folha.
Onde está o novo significado: na folha, em quem escreveu ou em quem leu?
Pego esse relatório e faço uma dobradura de cisne.
Ela ganha um novo formato, sendo no entanto a mesma folha.
Onde está o novo formato: na folha, em quem dobrou ou em quem viu?
Pego o cisne de papel e coloco fogo, virando cinzas.
Ele ganha uma nova aparência, sendo no entanto a mesma folha.
Onde está a nova aparência: na folha, em quem queimou ou em quem observa?
O pó das cinzas se mistura ao barro que um escultor molda a estátua de Buda.
Ele ganha uma nova forma, sendo no entanto a mesma folha.
Onde está a nova forma: na folha, em quem moldou ou em quem louva?
Quando foi que a folha em branco deixou de ser o que era,
algo vazio e sem importância, para se tornar algo sagrado?
A mente vê divisão onde na verdade não existe. Os fenômenos são interpretações que existem na mente do observador. Não podemos capturar uma fração da realidade e atribuir-lhe uma identidade, pois é tudo um grande fluxo contínuo de causas e condições. A identidade é vazia.
A mente é impregnada pelas nossas ações , no entanto a nossa verdadeira natureza continua lá, como a folha de papel em branco que nunca deixou de ser o que era. É como o aforismo Zen:
"A mente é como um espelho brilhante
Cuide para mante-la sempre limpa
Não permitindo que o pó se assente"
Ou se considerarmos a natureza vazia da realidade:
"A mente não é como um espelho brilhante
Se não há nada desde o princípio
Onde o pó se assenta?" ( A resposta fica por conta do "internauta"...)
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