A lua
residindo em meio à
mente serena;
vagalhões penetram
na luz.
Este poema escrito por Dogen, intitulado “Sobre a prática do zazen”, ilustra o aspecto dinâmico da concentração na serenidade. A luz do luar, que parece imóvel, bruxuleia sobre as ondas do oceano, que se quebram ruidosamente contra as rochas, rebentando em gotículas. Milhões de partículas de luz se estilhaçam, se espalham e se fundem. Para Dogen, a prática da meditação implica essa espécie de permeação mútua entre uma “luz” individual e a atividade de todas as coisas. Embora a prática de uma pessoa seja parte da prática de todos os seres despertados, cada prática individual é indispensável, pois atualiza e completa a atividade de todos como um buda.
Esta meditação é fonte de compromisso criativo com a vida. Enquanto esta é vista como continuação do nascimento, momento após momento, a meditação é uma experiência total deste “nascimento” a cada momento. Desse modo, uma pessoa não mais vive um momento como um segmento da vida ou recebe a vida passivamente, mas está totalmente comprometida de modo ativo e criativo. Dogen explica esta experiência usando a metáfora de um barco:
O nascimento é exatamente como navegar num barco. Levantai as velas e remai [...] navegai no barco e vosso navegar faz do barco o que ele é.
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