sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sofrer, basta!




A vida é cheia de sofrimento, mas é também cheia de maravailhas, como o céu azul, a luz do sol, os olhos de uma criança. Sofrer não basta! Nós temos, também, de estar em contato com as maravilhas da vida. Elas estão dentro de nós, em torno de nós, em todos os lugares e a qualquer hora.

Se não estamos felizes, não ficamos em paz e não podemos partilhar paz e felicidade com os demais, mesmo com aqueles que amamos, com aqueles que vivem sob o mesmo teto. Se estamos em paz e felizes, podemos sorrir e nos abrir como uma flor, e todos em nossa família, a sociedade inteira, se beneficiarão de nossa paz. Será que é preciso um esforço especial para desfrutar a beleza do céu azul? Será que temos de praticar para poder usufruí-la? Não! Nós apenas usufruimos. Cada segundo, cada minuto de sua vida pode ser assim. Onde quer que estejamos, seja a que hora for, nós temos a capacidade de desfrutar da luz do sol, da presença de alguém, ou mesmo da sensação de nossa respiração. Não precisamos ir à China para desfrutar do azul do céu; não precisamos viajar ao futuro para aproveitar nossa respiração. Podemos estar em contato com essas coisas aqui e agora. Seria uma pena estarmos conscientes apenas do sofrimento.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tensão sem nenhuma intenção



-- A arte genuína, afirmou o mestre, não conhece nem fim nem intenção. Quanto mais obstinadamente o senhor se empenhar em aprender a disparar a flecha para acertar o alvo, não conseguirá nem o primeiro e muito menos o segundo intento. O que obstrui o caminho é a vontade demasiadamente ativa. O senhor pensa que o que não for feito pelo senhor mesmo não dará resultado.

[...]

-- Então, o que devo fazer?
-- Tem que aprender a esperar.
-- Como se aprende a esperar?
-- Desprendendo-se de si mesmo, deixando para trás tudo o que tem e o que é, de maneira que do senhor nada restará, a não ser a tensão sem nenhuma intenção.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A história do Amor Verdadeiro



A dificuldade maior reside em saber reconhecer o verdadeiro amor, pois quando alguém diz: “Eu te amo!”, não quer dizer que seja amor de verdade. Na maior parte das vezes, é apenas desejo disfarçado de amor verdadeiro. A pessoa seria mais exata e responsável se dissesse, por exemplo: “Eu te desejo ardentemente!”. Isso é muito mais freqüente. Há uma razão bem simples para este estado de coisas e tentarei apontá-la através de uma singela parábola (adaptada da obra de Gilbran):

“Certa vez, por pura casualidade, o amor verdadeiro e o falso amor encontraram-se à beira de um magnífico lago. Eles se cumprimentaram com alegria e decidiram se banhar e brincar juntos e nus naquelas águas tão convidativas. Depois de passado algum tempo, o falso amor se cansou daquilo tudo, decidindo-se por ir embora e, após vestir-se com as roupas deixadas à margem, partiu e desapareceu no mundo sem olhar para trás. O amor verdadeiro, que havia ficado mais tempo a banhar-se e a brincar naquelas belas águas, sentindo-se só, também resolveu sair. Porém, ao chegar à margem, viu que suas roupas haviam sido carregadas dali. Com o pudor de não permanecer completamente nu diante do mundo, o amor verdadeiro, de muito bom grado, vestiu-se com os trapos que restavam e resolveu ficar por ali, vagando por aquele lugar tão lindo, a esperar por alguém que o aceitasse para brincar novamente... Assim, ainda hoje, os homens geralmente confundem as roupas dos dois amores, e tomam um como se fosse exatamente o outro...”

Eu gostaria muito de, através desta parábola, poder ajudar você a reconhecer o verdadeiro amor, pois o verdadeiro amor é a razão maior da sua vida; só que isto deveria ser verdade para você também. Aliás, você só está aí, lendo estas linhas, por causa do amor puro e verdadeiro. Sem ele, você certamente escolheria um outro tipo de leitura e você não estaria lendo isso até o final...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Somo nós que criamos os valores...



O mundo das formas não possui qualidade inerente. Por exemplo, um colar de ouro não tem um valor próprio, esse valor depende daquele que atribui qualidades a ele. Os índios que vivem em lugares com abundância de ouro, acham-no comum, mas o homem que vive na sociedade moderna vê no objeto um expoente de riqueza. O mesmo acontece com as pessoas. Um renomado líder, reconhecido como autoridade em seu território, pode ser considerado apenas mais um numa sociedade libertária.

O valor das coisas é ilusório. A mente é livre para encontrar qualquer significado nas coisas do mundo.
Pessoas pode ser valorizadas ou desvalorizadas num piscar de olhos. No final o que importa é o que você valoriza em sua própria vida. E nisso o sentido da sua Verdadeira Vontade, querer, será o guia...
Abaixo palavras do grande Charles Chaplin que nos leva a reflexão...
Cedo ou tarde
A gente vai se encontrar,
Tenho certeza, numa bem melhor.
Sei que quando canto você pode me escutar.
Hoje sei que quem é feliz
Dá valor pra as coisas simples da vida
Um momento bom vale mais que tudo.
Sou alguem que quer ser livre….
Saber dar valor
Para as coisas mais simples
Só o amor constrói
Pontes Indestrutíveis…
Não Passo Pela Vida…
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara” muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só pra escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)!
Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida…
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida e viver com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.

(Charles Chaplin)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Renascimento a cada momento...



A lua
residindo em meio à
mente serena;
vagalhões penetram
na luz.


Este poema escrito por Dogen, intitulado “Sobre a prática do zazen”, ilustra o aspecto dinâmico da concentração na serenidade. A luz do luar, que parece imóvel, bruxuleia sobre as ondas do oceano, que se quebram ruidosamente contra as rochas, rebentando em gotículas. Milhões de partículas de luz se estilhaçam, se espalham e se fundem. Para Dogen, a prática da meditação implica essa espécie de permeação mútua entre uma “luz” individual e a atividade de todas as coisas. Embora a prática de uma pessoa seja parte da prática de todos os seres despertados, cada prática individual é indispensável, pois atualiza e completa a atividade de todos como um buda.

Esta meditação é fonte de compromisso criativo com a vida. Enquanto esta é vista como continuação do nascimento, momento após momento, a meditação é uma experiência total deste “nascimento” a cada momento. Desse modo, uma pessoa não mais vive um momento como um segmento da vida ou recebe a vida passivamente, mas está totalmente comprometida de modo ativo e criativo. Dogen explica esta experiência usando a metáfora de um barco:

O nascimento é exatamente como navegar num barco. Levantai as velas e remai [...] navegai no barco e vosso navegar faz do barco o que ele é.